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ENTREI NO CAFÉ COM UM RIO NA ALGIBEIRA
Entrei no café com um rio na algibeira
e pu-lo no chão,
a vê-lo correr
da imaginação…
A seguir, tirei do bolso do colete
nuvens e estrelas
e estendi um tapete
de flores
a concebê-las.
Depois, encostado à mesa,
tirei da boca um pássaro a cantar
e enfeitei com ele a Natureza
das árvores em torno
a cheirarem ao luar
que eu imagino.
E agora aqui estou a ouvir
A melodia sem contorno
Deste acaso de existir
-onde só procuro a Beleza
para me iludir
dum destino.
THREE MOVEMENTS
Shakespearean fish swam the sea, far away from land;
Romantic fish swam in nets coming to the hand;
What are all those fish that lie gasping on the strand?
ESCADA SEM CORRIMÃO
É uma escada em caracol
e que não tem corrimão.
Vai a caminho do Sol
mas nunca passa do chão.
Os degraus, quanto mais altos,
mais estragados estão.
Nem sustos nem sobressaltos
servem sequer de lição.
Quem tem medo não a sobe.
Quem tem sonhos também não.
Há quem chegue a deitar fora
o lastro do coração.
Sobe-se numa corrida.
Correm-se p’rigos em vão.
Adivinhaste: é a vida
a escada sem corrimão.
ENIGMA COM FÓRMULA
Pergunto o que é o segredo da vida, se
é que a vida tem algum segredo. Pelo
menos, quando se pergunta, é porque se
sabe que nem tudo se pode saber.
Mas quando não encontro resposta para
isso, e só as frases cortadas a meio insistem
em dar-me certezas, ponho em dúvida que
a vida tenha segredos para quem vive.
Ando à volta com o que sei e o que
não sei quando pergunto que segredo
tem a vida. Para além das árvores, para
cá do rio, o que interessa é o que não se vê.
Mas pode ser que não se precise de
perguntas para viver. Faço o que tem de ser,
sem responder, e sei o que faço, sem
perguntar, para este segredo revelar.
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